O Toque de outra noite !

De lábios nascia...


Era mais uma noite
Vestida em manto de verde mar
Perfume de hipérboles nascido
Inventando palavras sem sentido.

E pousas nos lábios, o beijo apetecido.


E a pele faz-se amanhecida
No oásis da minha intimidade
Bebendo do dia a claridade
Oferece-me dos teus lábios
De saudade...
A Primavera em luz de alvorada.


Nascia o Sol...
E a boca desnorteada
Perde-se entre a noite molhada
E a madrugada por lábios acordada.

Su@vissima

Um Toque de amoras !

Doce de amora...

Quando me desces a boca

Pelo trilho do doce de amora
Crescendo vontades pelo meio
A tua sede me percorre louca
Com a língua que ao de leve, aflora
O doce que escorre até ao seio

Misturando-me com o teu rosmaninho
bebes pela taça do corpo maduro
O sumo da minha pele transpirada
Brotando da fonte de mansinho...
Que é fogueira no quarto escuro
Reflectido nos olhos da madrugada.


(Eu sei a fruta que te apetece
Quando o meu desejo amanhece)


As tuas mãos tocam-me o desejo
Que se abre em sumarenta fruta
E a boca satisfaz na gruta
A sede que lhe ficou do beijo

Quando me desces a boca
Pelo trilho do doce de amora



Su@vissima

Um Toque de Abril !

Era Abril...



Sabes...
Hoje não me sai poesia
Saem-me palavras da memória
De um quase sonho de perfeita magia
Mas não! Não foi fábula ou história
Foi mesmo uma doce alegria!


Lembras?
Daquele cântico de glória...
Dos abraços de liberdade
Lembras-te Zeca?
De quantas vezes cantámos
(Que terra da fraternidade
Era Grândola Vila Morena)


Lembras?
De quando acendemos velas...
De quando demos as mãos...
E gritámos pela liberdade de expressão


E lembras?
Quantas vezes no olhar
Nos brotaram fontes de água
Por termos que silenciar
As palavras da nossa mágoa.


(Eu sei que era ainda bem jovem
Mas sentia em casa a tristeza...
Do pai que não se sentava à mesa!)


Sabes...
Hoje nasceu-me este queixume
Que mordi no silêncio e gritei
Por entre o suave perfume
Dos cravos que não mais te dei!


Su@vissima

O Toque de um anjo !

Meu anjo...


Ai, se eu soubesse pintar
Pintava-te asas de sonhar
E voávamos até à nuvem de algodão.


Sentava-me no sonho à janela
E brincava com aquela estrela
Que sorrindo, me pulou para a mão.


(Pegava nela, e com carinho)
Enfeitava-te o cabelo despenteado
Com gotas de luz de luar, orvalhado
E cheiro a rosmaninho e sumo limão.


Se eu soubesse pintar...
Pintava-te gestos de acariciar
Dançando nas asas da nossa canção.

Pedia-te para me acordares a pele
Com o sabor do teu néctar de mel
Misturando o teu mar no meu coração.

(Deitava-me no teu colinho)
Vestido de lábios e com asas de beijo
Deslizava-te no leito, saciando o desejo
Bebendo das nossas marés de paixão.

Ai, se eu um dia, te souber pintar
Pinto-te um coração para me amorar!

Su@vissima

Um Toque do teu mar !

Trazes o mar no sangue...


Falas-me de como és sangue de mar
Fecundado por azuis de maresia
Entre a noite e gaivotas de alvorada.

Pulsa-te na veias o verde ondular
Das carícias que o Sol do meio-dia
Caminha na tua pele nua e amorenada.


As marés, juntam-se ao teu sal
(Salpicado em noite de lua cheia)
Que brilha por entre o ventre de luar
Até que chegue a brisa matinal
A passear-te de mão dada, pela areia.


Engravidas-me...
No vício do teu corpo água-mar
No teu galope de horizonte...
No vício de em amor, te amar.

Beijo-te na alva espuma

Que me beija os pés, de mansinho

E volta sempre, uma a uma.

(Uma a uma...).

O mar cresce em nós...
E o receio de dele, me perder
Cresce em mim...
Como manhã, antes de amanhecer.

Su@vissima

O Toque de uma lágrima !

Lágrima de criança...


Sabes? Hoje voltei...
Ao lugar, onde ontem te encontrei!
Ficou-me no coração, aquela lágrima tua
Procurei-te, com mimos para abraçar...
Sorrisos para te ensinar a brincar.
Mas tu já não andas pela rua!


Pergunto-me...
Porque me fui com a tua lágrima, cruzar?
Porquê, esse brilho de tristeza...
De quem não aprendeu a brincar
Com palavras nos sonhos de sonhar
Nem sabores com cor de framboesa
Ou céu com nuvens, azul turquesa.


Sei que a lágrima não é para secar
Deves deixar que desça...
Por entre o rosto e alma
Ruidosamente ou com calma
Para que o tempo se esqueça...
E te faça a vida caminhar
Até um sorriso de esperança, encontrar!


Su@vissima

O Toque de um beijo !

O beijo...


Beijo...
A terra que me alimenta
E o seio que me amamentou.

As águas de calmo rio
Em trigal que alguém semeou.

A tempestade em negro mar
No arco-íris que a vida pintou.

A floresta que me dá a sombra
E abriga o pássaro que me voou.


Beijo-te...
No espelho em que reflectes
O olhar feiticeiro que me abraçou.

No lençol em que me deita
A noite que em ti, me perfumou.

Em cada suave amanhecer
Que a tua pele, a minha, chamou.

No vício do cheiro do te amar
Em cada pétala que o vento levou.


Beijo...
A criança de olhar ladino
A quem o carinho se negou.

A mulher de rosto vazio
E o jardim que ela não plantou.

O homem que se esquece
De beijar a mão que o acariciou.


Beijo...
As asas do anjo
As minhas e as tuas.

A cigana que toca banjo
Bailando pelas ruas.

As flores do mundo
As do Sol de ti
As do mar profundo
Aquelas que nunca vi

Mas sonhei...
E no sonho me abracei
E no abraço te amei!

su@vissima

Um Toque do momento !

Perturbas-me...


Com um sorriso que me beija...
Perturbas-me o odor do pensamento
E amanheces-me no teu momento.


És tu que assim...
Me navegas em sangue de mar
Para a minha pele se acordar
E caminhas a meu lado
Nessa tua ternura quase suspeita
Que me deixa de desejos, à espreita
Amanhecendo no teu momento.


E nessa ondulação...
Vestido de convite perfumado
Saboreias o meu decote ousado
Apertas-me entre os braços
E de mãos na cintura, com carinho
Danças-me...
E assim, sussurrando de mansinho
Amanhecemos no nosso momento.


Perturba-me pensar a tua nudez...
Faz-me nascer vontades...
De me desnudar para ti, uma vez!
(E mais uma...outra! Muita vez!)

Su@vissima

Um Toque de seda !

Seda do meu céu...


Cruzei-me com palavras de ti...
(Arrepiei a pele quando as descobri)
Guardei as que emanam o teu odor
Para me deliciar no teu sabor...
Quando a saudade do amanhã
Me entrar pelo perfume do olhar.


É o ontem que me chega de ti...
Como se fosses o colorido Sol
Entrando pela janela, feito rouxinol
Voando palavras de sedoso carinho
A caminhar-me vontades de mansinho.


É nas de hoje que me afogo em ti...
Para descansar-me este desejo
De te saborear as margens do beijo
E de sentir a tua vontade crescer
Enquanto o meu ribeiro te descer.


Agradam-me as que ficam de ti...
Quando partes com o querer ficar
E me deixas vestida do teu olhar
A cobrir-me o corpo, na luxuria
Do pensamento em que me perderia.


Ai homem!...Que trazes nos olhos
Um mar de palavras de veludo
No céu de seda em que me desnudo!

Su@vissima

O Toque da rosa !

Da rosa...



Ofereces-me uma rosa...
Que ajeitas no decote do vestido
Em que te encontras perdido
Entre os olhares de carícia sem fim
E a sua luxuriosa cor de carmim.


Desfolhas a rosa...
Que desces no cacho do beijo
Pelo corpo aberto em desejo
E perfumas meus seios macios
Entre o teu mar de desvarios.


E com pétalas de rosa...
Que colhes pelo aveludado peito
Cobres-me de promessas o leito
Planície de dourado girassol maduro
Vestido pelo teu sonho, de seda puro.


Su@vissima

Um Toque da Natureza !

Creio em mim



Creio na Primavera...

Sinto-lhe o perfume por perto
Que adivinha a esbelta figura
Vestida de orvalho pelo jardim.
O Sol espreita-lhe o seio a descoberto
E pela pele coberta de verdura
Descem pétalas de lírios e jasmim.



Creio na humanidade...

Na tarde calmia que corre no rio
No céu azul pelo horizonte
Na música que preenche o vazio
Na Lua que se deita em teu monte
No mar que me acalma o cio.



Creio na natureza...

Nas flores que o Sol germina
(Já te disse que falo às flores?)
Nos olhares que em tua mão, florescem
Nas pétalas em olhar de menina
Nas noites que vestes de cores
Nos desejos que em tua boca, humedecem.



Creio em ti...
Porque creio em mim!

Su@vissima