Um Toque viciante !

Ópio da noite...

Não te senti entrar
Mas lembro quando chegaste
Trazias papoilas de ópio a florir
No limite dos lábios a olhar.



(Foi aí que me viciaste)
Na noite lenta...
Na pele sedenta...



No gemido de querer partilhar
A nudez suave da tua roupa
Deixei-me em ti demorar
E a noite fez-se breve, tão pouca.



Mergulhaste no meu mar
Naufragando na minha boca
A língua que não pára de me viciar
Na noite lenta...
Na pele sedenta...

Su@vissima

O Toque de um tango !

Tango...

Meia lua cheia de vontade libertina
Dança em luar de noite felina.


Ele olha as imagens, corpo a corpo
Sedento...Fica quieto ao vê-la...
Cresce-lhe a vontade de a abrir
De par em par (como a uma janela).


Ouve-se um tango de sabor vadio
Os braços, juntam-se ao corpo
Ele oferece-lhe o leito do rio...
A pele e o sabor da noite.


Roçando-lhe o ombro a descoberto
Ela oferece-lhe o tempo que desce
Pela margem do vestido aberto.


Lua cheia de boca e nova de jogo...
Ele, de mão cheia na dança que cresce
Ela, metendo a perna pelo volteio do fogo.



(De quantos tangos será feita a noite?)

Su@vissima

Um Toque a chover !

Chuva de saudade...

Hoje procurei-te no mar...
Na voz do vento
Que me segreda teus devaneios
Ao roçar-me levemente o desejo
Que me faz embriagar.



Hoje procurei-te no mar
Na chuva que cai miudinha
Inundando de sabores a maresia
E o pensamento que me lambia
A pele, entre o presente ondular
E um veleiro nostálgico
Que lá ao longe, do passado, gemia.



Procurava-te hoje no mar
(e sabes?)
Choviam-me junto aos olhos
Pedacinhos da tua saudade
Numa urgência da sede matar
Esta gravidez da tua cidade
Sem hora marcada para nascer.



Quase abortei os desejos
Quando as mãos me pediam beijos
Hoje ao procurar-te no mar.

Su@vissima

Um Toque ao vento !

Pétalas de vento...

Ontem...
Após despir o torpor e acordar
Sentei...
A olhar os narcisos amarelos e brancos
Que no centro do jardim, sorriem a adivinhar
Tempos de Primavera.

Entre folhas cansadas de esperar
Os espinhos de alguma quimera
Plantei a manhã rasa de rosas
Em chão de lírios que quer beijar
Tempos de Primavera.

Hoje...
Soprei girassóis ao vento
E mandei pétalas para ti
Molhadas no rio do meu beijo.

Esperando que o limbo do lamento
Seja vela em barco de seios nus
E navegue vontades no teu Tejo.

Su@vissima

O Toque de hoje !

Para ti...





Ele sabe...
Que é a estrela
Que brilha no céu do pensamento dela.
Que é o poema de abraços que ela sente.
Que é o corpo de rimas que ela escreve.



Suavemente...
Ela desenha-lhe asas no dorso e galopa
Em noites de ser Mulher
Oásis de um futuro perfumado de ternura
Que ele quer...



A seiva de ambos pulsa nas veias
Do tempo
É sua a maré ondulada que segura o verso.



O veludo da paixão dela escorre
Em gotículas de orvalho pela madrugada
Dele...
E leva-o a saltitar verduras do nada
Ele faz-se menino mordiscando desejos
No azul do sonho dela.



Hoje ela abraça-o por dentro da estrela
Escreve na pele palavras que

Aprenderam juntos
Hoje ela diz: "Amoro-te"!


Su@vissima

Um Toque sem saber !

Se soubesses...



Sem saberes puxas-me para ti
Quando me perco no estuário do teu olhar
Ou me olhas, por entre o sussurro das velas...
É como se te sentisse o azul céu a crescer
E me levasses nos teus braços fortes a voar
Tocando lá bem longe, o brilho das estrelas.


Sem saberes esses teus olhos...
Falam-me de sorrisos verdes de criança
De lua em noite de maré, quase cheia
De camas de Amor ainda por fazer
De lençóis lavados, com cheiro a esperança
Ou perfumadas pelo mel da tua colmeia.


Sem saberes é teu o meu centro...
Entre o todo e o mais que tudo de mim
Na espuma que ondula em noite de luar
Quando a tua boca me descobre o querer
Abraçando os seios com lábios de jasmim
E me encontras no estuário do teu olhar.

Su@vissima

O Toque do teu mar !

Meu desejo-mar

O meu caminho...
É percorrer os atalhos do teu corpo
E em ti mergulhar o meu carinho.



É banhar-me
No teu olhar
No teu oceano-mar.



É perder-me
Nos teus lábios
Essas pétalas de flor
Que a minha boca, vestida de borboleta
Sonha sorver o sabor.



O meu caminho
Na tua noite...
É um desejo amarrotado
Que se enrola no meu lençol
Ondulando-me num cio perfumado
Que finalmente me adormece em ti!
(Ao teu lado).

Su@vissima

O Toque de sonhar-te !

Solta-se o sonho...

...Tenho a idade dos sonhos que sonhei

A inquietude dos que hei-de sonhar

E a inocência dos que não te segredei...

O sonho às vezes fica-me assim...

Caído de outras madrugadas

Regando os lírios do jardim

Ou pincelando em telas inacabadas

Palavras em tons de seda.

Outras vezes fica suspenso...

Em pontes desenhadas pelo olhar

Por estradas no céu do pensamento

Iguaria de um doce manjar

Devorado pelo jejum do momento.

Solta-se o sonho na doçura da noite

Voando nos braços da magia

Até que te encontra, num beijo solto

(e amanhece o dia!)

Su@vissima

O Toque da procura !

Procuro a razão...

Ao anoitecer sou silêncio que se vai espelhando na brisa leve da ausência.
Procura uma razão no vento que passa...
Nas cores do luar...
Nas palavras do mar.
Pela madrugada já sou aurora do novo dia, onde o Sol se recusa a satisfazer quereres morenos.
Procuro uma razão no pássaro que ali voa...

Nas asas daquele sonho...
Nas lembranças de um dia risonho.
Pela tarde, olho-me noite escura onde o céu abraça estrelas com desejos que uivo à lua.
Procuro uma razão nas cores do crepúsculo...
No fogo de que sou filha...
Na fogueira que me fez ilha.
No horizonte, o perfume do pôr-do-sol desenha promessas de Amor, lenha da fogueira que me consome.
É esta a fogueira...
Que me arde noite inteira...
Até que as promessas da madrugada se transformam em gotas orvalho.
Descendo pelo meu ventre...Quente
E tu num quarto de Lua me tomas cheia de ti.
Fêmea em cio do ser Mulher.


Su@vissima