terça-feira, outubro 30, 2007

Um Toque da memória !











Memória do vento...




Nem toda a memória é corpo...
É também água, fogo, pensamento!
É nuvem que dança ao vento
E se desfaz em cada gota de chuva.



Nem toda a memória é corpo...
É também dor sem panaceia
Que em outro corpo se enleia
Quando de Amor se quer respirar.



Nem toda a memória é corpo...
É também harpa, violino, melodia
Compasso de simples sinfonia
Que sufoca na garganta da noite.



E se a memória dói o pensamento...
E brinca comigo ao jogo da vida
Vai-te de mim esquecida!
(Brinca ao faz de conta)
Julga-me perdida!
Faz-te memória de vento...











quinta-feira, outubro 25, 2007

Um Toque atrevido !









Sussurrando...




Voo num sonho de algodão
Um daqueles em que o teu olhar
Me percorre o enigma do corpo
E em que a tua mão
Me enlaça a cintura a sussurrar
Deslizando até ao meu ouvido.



Com a outra mão, roçando...
Procuras o húmido beijo
E a tua língua procura a minha tocar...
Pedacinhos nossos que se vão encontrando
E num hábil rodopio de desejo
Com o meu mar a acontecer no teu olhar
Dançamos fundo uma dança só nossa.



Desperta-me a tua mão ao tocar-me o prazer
Iluminando todos os recantos do meu ser
E a minha boca caminha-te devagarinho
Até te chegar ao ouvido
E murmurar baixinho.....
Quero-te! Quero-te muito!!



Provocas-me com os gestos de canela
Que te adivinho ao adormecer...
E com os sabores de pão ao amanhecer.



Mergulho em ti a sede da minha boca
Que me consome em fogo aberto...
Com a tua pele lasciva, por perto.



Vem! Sacia-me esta vontade
De ser ondulação do teu mar...
De ser ninfa da tua saudade...
De me perder em ti e encontrar!

Su@vissima











terça-feira, outubro 23, 2007

Um Toque melancólico !








Sombras...




A fria sombra da melancolia
Dança nas águas do dia...
Molhada de vontade feminina
Cabelos de querer nascente
Veste de vermelho transparente
E lábios de rebuçado de menina.



Caminha por terra nua...
Descalça sob o olhar da lua
Pisa o asfalto de sonho submerso
Entre mãos espelhadas de carinho
...E um piano murmura baixinho
A ansiedade contida num verso.



Depois do abraço ruivo do poente
Visto sombras de noite perfumada
Planto um certo jardim na mente
Que cresce no seio da madrugada
E me traz assim de saudade tatuada.

Su@vissima









quinta-feira, outubro 18, 2007

O Toque de uma carta de Amor !










Escrevo-te...




A palavra nasce de letras sem ventre.
E a palavra existe.
A palavra evita.
A palavra esquece.

A palavra fenece
A palavra persiste.
A palavra é a minha segunda voz.

A palavra somos nós!
E a palavra também erra!



Escrever-te...
Ou juntar palavras em ti, fez-se hábito
Em mim!
Cresce-me de uma vontade indomável
E eu queria...



Queria!
Sentir-te em cada letra que divago
No abraço que vem de ti.
No beijo abraçado que me aquece a pele

E me desperta o coração.



Queria!
Queria mesmo que as letras que escrevo
Fossem pedacinhos de brilho do teu olhar
E construíssem palavras que dançam
Em constelações de outra galáxia.



Queria!
Que as horas fossem afagos
Línguas quentes de abraçar
Que me serenassem a margem dos dias

Quando não desaguas no tempo do
Meu mar.
(E quando o tempo me acontecer
Irei querer-te ainda mais).



Queria!
Escrever-te o que hei-de sentir
Não parar em ti
Mas sim por ti, preencher a Alma em ti.
E com a Alma sentir-te a alegria.



...Mas o que sinto não tem cor de letra
Nem traço de tela
Nem pauta de divina melodia.
Voa como pássaro de fogo
Em pensamento de galopante fantasia...



Queria!
Vestir a sombra das tuas esquinas
E dançar nas gotas da tua pele macia.



Queria!
Que a palavra fosse um pensamento vadio
Se espalhasse pelas veias em pulsações
Contínuas
Fosse gata em pleno cio
E saltasse todos os telhados da tua noite.




Gostava!
Ai como eu gostava de te ensinar palavras
Libertas
Sem sujeito ou predicado
Sem ponto de interrogação...
(E de portas abertas...Eu esperava).


Mas o que eu mais gostava
(olhos de mel)
Era olhar para ti e dividir a Paz
Que me corre nas veias
A paixão que me fervilha na pele
A noite perfumada de jasmim
E no silêncio da minha voz
Dar-te uma parte do Amor que multiplico
Em mim.


De tanto querer e gostar
Ainda um dia destes vou lá chegar.
E depois...











terça-feira, outubro 16, 2007

O Toque da chegada !








Humedeço...





Sinto-te a chegada
E a promessa dos teus beijos
Estremece-me...
Humedece-me
Cada poro em gotas de desejos
Escorrendo de vontade molhada.




Chegas ao fim do dia
E eu cheia de pele nua
Estremeço-me...
Humedeço-me
Quando bates à porta da rua
E a tua chama me consome de alegria.




Entras num longo abraço
Com olhar de faísca brilhante
Estremeces-me...
Humedeces-me
Ao deixar pelo corpo ondulante
A marca húmida do teu traço.











quinta-feira, outubro 11, 2007

Um Toque da imaginação !









Olhar de perguntar...





Voava um sonho adormecido
Na margem sul de um tempo qualquer
Desenhando um silêncio esquecido
Por céu de estrelas orvalhado




...E as mãos que hão-de acontecer
Num presente do tempo já passado.




Dançavam olhos de perguntar...
Com urgência de olhar na tarde
Os abraços de verde mar
Adoçando a boca no inverso
Do beijo que nos lábios arde.




A volúpia da imaginação...
Descia, escorrendo pelos seios
Sussurros que cabem na mão
E circulam em tempo rasgado
Por dedos de sonhos alheios.





Acorda o sonho um dia! Sentado
Na memória do cume do beijo
E no dorso do tempo fica parado
Em noite com odores a desejo
Lembrando um Amor que vai acontecer
Num futuro despido de passado.











segunda-feira, outubro 08, 2007

O Toque de uma noite !









Em ti...





Insisto na noite...
Porque estou
Porque sou...



Meia parte de Sol
Suspiro de Lua
Arrepio da tua pele nua.



Insisto na noite
Em mim debruçada
Pelas ancas da madrugada
E em ti eu descia
Com seios a pingar
Entre a sede e o olhar.



Insisto na noite
A norte do Verão
Que me desce a Sul a mão.
E me entra oceano dentro
Gesto do meu querer
Tecto rouco do teu prazer.



Insisto na noite
No apetite da boca
Que me traz de pele louca.

Su@vissima









segunda-feira, outubro 01, 2007

Um Toque ao anoitecer !










Pela areia molhada...





Anoiteci à beira-mar
Agrada-me sentir o anoitecer
Depois de pela areia molhada, caminhar
Pensamentos descalços.
Deixo-me pelo silêncio abraçar
E a água brinda-me...
Com o seu suave marulhar
(Como se me ouvisse segredar).





O tempo corre pela velocidade
De uma ou outra gaivota, a voar
Apetece-me com elas rir e cantar...
Ou quem sabe me apeteça
Mergulhar num rio que dance até ao mar
E ficar bem lá no fundo, sossegada
A ouvir segredos de amorar.

Su@vissima