Um Toque de Maio !

Papoula de Maio...

As papoulas sorriem vermelhas
E a chuva cai no chão delas
Enquanto o dia fecha as janelas
Vestindo o céu de cor acinzentada
Que me escurece entre a trovoada
E faz-me assim de expressão molhada.


Não! Não te conheço papoula
Mas conheço-te das pétalas, a cor
E o Sol que lhes desenha o sabor.


Cai a chuva por entre a minha mão
Deixando no chão flores de trovoada
Que vestem a terra de nudez molhada.


A chuva aquietou em rio adormecido
E uma papoula sorri sem pudor
Ao vento que lhe bebe o licor.


O Sol volta em suas asas de pomba
Murmurando segredos após a trovoada
E traz-me o teu cheiro a terra molhada.


Su@vissima

O Toque da tua voz !

A voz do mar...



Grita-me...
A voz de Sol e sal da ondulação
Na água que me sobe o olhar
Salpicando o fermento da sedução
Entre o tempo que corre feito mar.


Sobe-me...
A onda em proa, pelos pés
Deixando escritas junta à mão
Saudades que descem pelo convés
Na voz de Sol e sal da ondulação.


Desce-me...
A alga em verdes de oceânica alegria
Lambendo a pele sedosa do coração
Que se banha no mar de vazante melodia
Na voz de Sol e sal da ondulação.


Banha-me...
O corpo em cascatas de entardecer
Antes que a noite me grite a emoção
E me cante uma música de adormecer
Na voz de Sol e sal da ondulação.

(Deito-me no silêncio das águas
Que te beijam o olhar)


Su@vissima

Um Toque de escultor !

Cabelos da noite...



Um dia destes...
Roubo-te a noite
Troco-a por pétalas de flor
Deixo-te...
O rasto de saliva de rosa
Para que me desejes o sabor
E me trilhes a pele gulosa
Pintando as horas da tua cor.


Depois...
Devolvo-te a noite
Lá pela cintura da madrugada
De corpo inteiro
E flor desfolhada
(Em tuas mãos de escultor)
Mas...Antes que a próxima Lua
Se faça anunciada
Vou pedir-te
Que te esculpas em mim...Amor!


Su@vissima

Um Toque de violinos !

Descobre-me...



Passavam duas ou três vidas da Primavera
E eu estava à tua espera!


Um pássaro voa e nas suas asas de saudade
Faço voar o desejo que me roça a cada momento
(E recordo o quanto me amaste)
Fica o alvoroço desmedido do pensamento
Que em minha pele tatuaste!
Descobre-me...


A alma solta-se...
E é no abraço do corpo que lentamente
Se esquece do vazio do silêncio
E suavemente...
Os gestos cedem a impulsos esquecidos
Desvendando o mistério da nossa sinfonia
De violinos perdidos.


Nua de tudo...E vestida do nada
Fico eu! De palavras calada.

Su@vissima

Um Toque do por-de-Sol !

Ombro no ombro...


Hoje fui até ao mar
Já o dia anunciava o fim da tarde

(Agrada-me ouvir o por-de-Sol, adormecer)
Espreguiçando numa dança calada
Vestido daquela cor de fogo que arde
E vai nadando mar dentro, até desaparecer
Deixando o céu da sua cor matizada.


No horizonte um azul de branda seda...
Fecho os olhos, e oiço o perfume
Dos pedacinhos de Sol a esconder
E de mansinho, se acende a labareda
Da lua e seu luar de queixume.
(Porque não me vens buscar?)


Caminho entre a espuma e a areia
Pela mansa e alegre ondulação
Que me acompanha o pensar...

Enquanto desenho esta ideia

De voar com as asas do coração
Por entre as ondas mergulhar

E caminharmos, mão na mão

(ombro no ombro, a dançar)

Su@vissima

Um Toque dos teus olhos !

Sem chegada...



Acompanhas-me na escuridão
Antes que o sono me tome a alma
E me adormeça, mão na mão
No carinho que quase me acalma
Mas não me traz a mansidão
Nem promete o esquecimento!


Os teus olhos, castanhos mel
São o laço que sempre me ata
As memórias no branco papel
Que o meu querer não desata
Não me libertando o cinzel
Nem promete o esquecimento!


E os dias passam, sem acabar
Sem a tua presença silenciosa
Repetem-se sem sentir chegar
A tua pele morena e cheirosa
Que nem mostra o sal do mar
Nem promete o esquecimento!

No desejo que me roça a respiração
Quando me afagas o coração...
Encontro a resposta de que me alimento
E assim, esqueço o esquecimento!

Su@vissima

Um Toque de ontem !

Ontem apetecia-me

Hoje apetecia-me...
Ir buscar a mais longinqua estrela
E navegar-te em branca caravela.

Ou acender-te velas, em forma de lua
E aquecer a minha pele, vestindo a tua.

Ai! Hoje apetecia-me...
Pegar no cheiro a mar sobre a terra
E beijar-te a boca, no céu da tua serra.

Ou com a minha língua, assim ansiosa
Traçar-te um mapa, na pele cheirosa.

Sabes, porque hoje me apetecia?
Porque ontem, na nuvem adormeci
Depois do rodopio de desejo que senti...
Da tua língua que, a minha descobria.

Ai! Como ontem me apeteceu..
Acordar hoje com um beijo teu!


Su@vissima

O Toque do teu regresso !

Tu e eu...

Dançando em ritmo de desejo
Estão os nossos olhares de cumplicidade
Que se bebem até completa embriaguez
E deixam escorrer entre o beijo
O néctar precioso de que se alimentam
Com avidez!


A luxúria toma-nos de mansinho
Veste os nossos poros de cumplicidade
Enquanto as mãos quase enlouquecidas
Viajam pela pele suspirando carinho
Num redopio peregrino de palavras
Húmidas!


Os braços cortejam a cintura
E a língua molhada de cumplicidade
Se perde pelo pescoço latejante
Sentindo nos gemidos a loucura
Do Amor que se faz vagaroso
E extaseante!

Su@vissima

Um Toque da escrita !

Escrevendo...

O que te escrevo...
São abraços da minha alma
Que me lambem a pele do coração
No sonho que me desalma
Em pedacinhos com cor de ilusão.


Nestas letras, feitas palavras
Choro lágrimas, em letras de tarde
Faço do meu corpo mágica poção
E voo na alquimia da imaginação
O querer desta chama que me arde.

E em palavras, sem rima ou poesia
Deixo os lábios cor de carmesim
Do meu princípio até ao teu fim.

Su@vissima

O Toque de Mãe !

Mil pétalas



És a raiz do meu respirar
Por entre os sopros de ausência.


Chega o dia, e fico-me a sonhar
Que os oceanos te vão trazer.


E lá, onde oiço a tua voz chamar
Embriago a luz com o teu nome.


Reconheço as asas do teu voar
E liberto os pássaros que habito.


Fica-me a saudade do teu mimar
E do teu longo abraço, feito vida.


Quando o frio me assalta a alma
Agasalho-me no céu da tua bondade
Olho lá longe, a estrela a brilhar
E beijo-te mil pétalas do olhar
Marés vivas, neste mar de saudade.


Sabes Mãe?
És o anjo que veio, para me guardar.


Su@vissima

Um Toque no escuro !

Regresso em ti...



Ontem...
Deitei-me no pedacinho escuro
Que é o mundo do meu quarto
Sabes? Que a tua mão procuro...
Mas não está!
E tanto que eu queria...
Pegar-lhe! Enquanto te dizia
(Gosto de Gostar-Te, Amor!)


Ontem...
Adormeci no quente escuro
Do meu corpo, quase cansado
E sonhei-me voando pelo futuro
Enquanto a tua mão me percorria
Como se me tocasse uma melodia
Em carícias de quente Amor.


Hoje...
Ao escuro já regressei...
Mas ainda não cheguei.


Su@vissima